Para reflorestar uma terra seca, ou como construir Fortalezas
Maria Macêdo
Cavar o solo grosso dos pés ou como fazer brotar em solos áridos. Capturas de tempo realizadas em 2020, início do período pandêmico, nos deslocamentos rio-mar, trânsito entre o interior e o litoral/capital cearense. Amostragem pro mundo a partir das movências em 2021, roteirização e edição.
A ação fala sobre os processos de desenraizamentos históricos causados pelo projeto de modernidade e falsa promessa de salvação que habita os centros urbanos, as cidades. É sobre a impossibilidade de viver em solos que não fortalecem as nossas raízes, mas é também sobre as migrações, as retiradas e os currais humanos criados para impedir a chegada dos sertanejos na grande Fortaleza colonial. É sobre violência histórica, mas é uma promessa de revirar o passado para presentificar futuros. Grada Kilomba (2020) ao citar a Jhenny Sharpe sobre a relação entre passado e presente nos diz que "nossa história nos assombra porque foi enterrada indevidamente". Realizamos um movimento aterrador quando reviramos essas histórias para dar dignidade aos ancestrais, as nossas vidas que estão em curso e as que foram interrompidas.
Ficha Técnica
Captação audiovisual e fotográfica: Jaque Rodrigues
Edição: Francisco Luiz
Litoral Cearense, 2020.
Maria Macêdo. Artista/Educadora/Pesquisadora. Licenciada em Artes Visuais pela Universidade Regional do Cariri (2019), Co-líder do Grupo de Pesquisa Novos Ziriguiduns (Inter)Nacionais Gerados na Arte- NZINGA/CNPq/URCA.
Indicada ao Prêmio PIPA 2022. Entre 2020-2021 integrou a 7ª edição do Laboratório de Artes Visuais da escola Porto Iracema das Artes (Fortaleza–CE), sob a tutoria da artista Ana Lira, com o projeto "Língua Ferina: Artista retirante e a fertilização da imagem", posteriormente selecionado para o 31º Programa de exposições do Centro Cultural São Paulo, 2021.
Integrou a equipe de curadoria educativa da 15ª Bienal Naifs do Brasil 2020– SESC Piracicaba/SP, e da exposição Corpo/Gênero/Sexualidade: para quê te quero?, do laboratório de estudo e criação Bixórdia, Cariri–CE.
Desenvolve trabalhos artísticos a partir da ciência da mata, enquanto mulher negra, nordestina retirante, traçando caminhos a partir das lacunas historiográficas, as construções afetivas e memórias pessoais/coletivas. Evocando a força ancestral da vida no campo, encontra nas vivências na terra o caminho que guia o seu fazer artístico enquanto artista agricultora retirante fertilizadora de imagens.
Membra do Coletivo Artivista Karetas com Prekito, Coletivo Cantando Marias, e do coletivo de teatro Iamís Kariris e do espaço de difusão e produção artística/educativa Quebrada Cultural (Juazeiro do Norte– CE).
Participou de diversas exposições nacionais, e também internacionais, tendo sua primeira exposição individual intitulada "Incendiar com a boca o mundo" no Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri em 2021. Assinou algumas curadorias coletivas, como Insurgências (2019) no Centro de Artes/URCA, SERILUSORA (2019), Mulheres Pensantes, Presentes! e RASTROVESTIGIUM (2018), na galeria Maria Célia Bacurau/URCA, em Crato–CE.
Possui obras nos seguintes acervos: Museu de Arte Contemporânea do Ceará (Fortaleza– CE), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba– PR), Acervo público da cidade de Juazeiro do Norte–CE, Museu d'água (Belém– PA).