Transmissão
Lorran Dias
Transmissão (2020)
Coração e sal sobre antena de TV, parafusos em L e tinta a jato. Diâmetro 60cm
Transmissão (2020) é o primeiro trabalho da série de investigações Quando Ficção se Torna História e foi feito durante a quarentena na Favela da Maré, Rio de Janeiro, Brasil.
Há alguns anos moro com uma antena de tv desativada na laje da minha casa. Resolvi trabalhar a partir dessa superfície, muito estimulado por ter criado recentemente uma televisão específica para a web chamada TV Coragem, dentro de uma pesquisa sobre a influência do olhar colonial na opinião pública e no projeto democrático, através da televisão.
Usei três tons de dourado para cobrir a palavra / logo 'Claro' na antena, com secagem em movimento ao sol. Depois de instalar manualmente os ganchos, com a orientação de um chaveiro, apliquei pedaços de coração e sal na superfície, desacelerando o apodrecimento e gerando oxidação.
Deixei o trabalho exposto na minha laje durante o dia para que os vizinhos, nas suas lajes e janelas pudessem acessar à obra instalada, ainda que à distância.
Esta obra faz parte do Manifesto Terrível, lançado durante as eleições para presidente em 2018, que está previsto até 2022, a produzir presenças, estéticas e coletividades em resposta às opressões do Estado brasileiro no campo da Cultura e seus trabalhadores.
Transmissão - detalhe
Os trabalhos estão disponíveis para venda em suporte fotográfico. Para mais informações e aquisição, entrar em contato com Lorran Dias pelo email lorrandiasdesousa@gmail.com
Este trabalho foi possível pelo apoio do Critical + Creative Social Justice Studies - Research Excellence Cluster da University of British Columbia e pelos diálogos com Sabine Passareli, que fez o acompanhamento terapêutico do processo e Denise Ferreira da Silva.
Lorran Dias é cineasta, curador e artista visual. Seus trabalhos hibridizam elementos da história com ficção, e da política com afetos. É diretor artístico e programador de conteúdo da TV Coragem (Programa Convida, Instituto Moreira Salles, 2020), dirigiu e roteirizou Perpétuo (International Film Festival Rotterdam, 2019), O Conto do Nunca Mais (Programa Mira, ArtRio 2019), entre outros títulos com a Anarca Filmes (2014-2020), cuja filmografia possui cópias no acervo da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Co-dirigiu e co-curou Anti: Residência Fílmica Antifascista (Espaço Saracvra, 2018). É graduado em Cinema e TV pela Escola de Comunicação Social da UFRJ com "Disputas Sensíveis: Ensaio-Manifesto contra o Olhar colonial". É curador desde 2017 da Semana de Cinema/Semana dos Realizadores, sendo juri estudantil em 2016. Foi curador e programador do Cinerama Cineclube UFRJ (2014-2017) e das mostras anuais de cinema brasileiro contemporâneo. Foi homenageado no Festival Escuta (Instituto Moreira Salles, 2019) e recebeu o Prêmio Memórias da Resistência da subcomissão "Verdade na Democracia - Mães de Acari" (Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, 2018).
SABINE, também conhecida como Gabe Passareli Simões Vieira, travesti não binária, 25 anos, natural de Rio Bonito, Rio de Janeiro, Brasil. Graduada como Terapeuta Ocupacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, atua com Saúde Mental por meio de processos de performance e arte-educação. Entre campos como saúde e arte, a artista desenvolve práticas interdisciplinares dialogando com espaços de arte independentes, galerias, instituições de saúde e de ensino. Das Boates às Universidades seu trabalho é possível através dos métodos da Terapia Ocupacional de estudar e aproximar as pessoas para pensar e desenvolver sua autonomia e liberdade.
Colaborou antes com grupos internacionais como Chime for Change, Gucci, The FruitMarket Gallery. No Brasil, contribuiu com Despina, Instituição Tomie Ohtake, Escola de Artes Visuais do Parque Lage e um grande grupo de artistas independentes radicados no Rio de Janeiro e São Paulo. Subvertendo o conceito de clínica, ela está criando seu próprio método de trabalho com grupos e pessoas. Agora em 2020, ela está trabalhando remotamente fazendo atendimentos terapeuticos ocupacionais, devido a pandemia de COVID-19.
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